A moda do inverno



A contemporaneidade trouxe junto com seus avanços tecnológicos muitas incertezas, momentos de crise e formas de viver nunca vistos. Propostas de resgate de valores esquecidos ou adormecidos despontam nos principais e mais importantes polos de moda e revelam uma preocupação crescente em retornar às origens contestadoras e revolucionárias que marcaram épocas, numa tentativa de dar fôlego e oferecer um ânimo renovado à moda e à sociedade.
Não é raro perceber nas pessoas um comportamento que revela conflitos entre a contemporaneidade em que vivemos e a nostalgia dos elementos culturais de décadas passadas. Diante de movimentos culturais que se chocam e criam novas possibilidades de viver, a sociedade busca no vestir uma forma de preencher as lacunas temporais que aparecem quando se deixa de lado as tendências atuais e se busca a valorização do antigo, do clássico, do revolucionário.
A intenção da moda neste cenário é oferecer elementos que auxiliem seu público a encontrar produtos que se encaixem nesta necessidade de auto afirmação numa sociedade que exige um posicionamento claro e específico quanto a um estilo. Para o inverno 2010, elementos de cada época se somam para criar o estilo do homem e da mulher contemporâneos, afim de estreitar a interface entre o ser humano e a sociedade na qual ele vive.
Nos temas: a herança (Heritage) de épocas passadas, os antagonismos entre o vintage e o punk/grunge, a eterna rivalidade entre o clássico e o moderno. Em matéria de elementos específicos da criação, as lavagens no jeans vão do black denin ao blue, com efeitos surrados, desgastados, manchados e lavagens vintage. Nas aplicações: tachas, ilhoses, pespontos aparentes, e metais coloridos como a prata velha e o dourado, o níquel, o ouro envelhecido e o preto. Nas cores: predominância do caráter contestador dos das tribos urbanas citadas anteriormente em conjunto com elementos clássicos e extremamente conservadores: preto, roxo,marrom, cinza, rosa antigo e nude.
Nas estampas e nos tecidos, a leveza e a dureza são contrapontos fortes que se somam para oferecer novas possibilidades de vestir. Tricolines, musselines, sedas, cambraias, viscoses, sarjas e piquets aliam-se às padronagens em animal print, como a tigresa, o pavão, a zebra, os xadrezes e os pied de poules.
O reforço cultural para que as pessoas encontre seu espaço temporal na sociedade é dado por esta coleção que apresenta todas as características de dois lados que vivem em conflito, mas não podem viver isolados: o clássico e o moderno, revisitados pelo contemporâneo.

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