Daspu, a criação de uma ONG que virou uma sacada de marketing

O que começou como uma forma de gritar ao mundo um pedido de reconhecimento e respeito por uma profissão se tornou uma maneira bem humorada de inserir em uma sociedade preconceituosa a realidade e a alma de mulheres excluídas.

Pelo bate papo com Gabriela Leite, a idealizadora da marca Daspu, pudemos perceber que seu discurso é recheado de experiências o que garante propriedade para falar. Com sorriso meigo no rosto, e uma elegância digna de muitas madames, Gabriela conduziu uma conversa muito bem humorada (e põe muito nisso, não foram poucos os momentos de risos com a platéia fascinada com suas histórias e tiradas muito boas).

A marca surge de forma inesperada, sem aviso e sem noção. De uma conversa abafada em um botequim a notícia da criação de uma marca por prostitutas se espalha pela cidade e ganha visibilidade nacional. No dia seguinte, ligações e mais ligações, entrevistas e a certeza de que o projeto ia engrenar.

Com o apoio de artistas, designers e administradores, a marca se tornou, em pouco tempo, uma referência em matéria de conteúdo, sarcasmo, atitude, inteligência e um senso se humor afiado.

Na fala de Gabriela percebe-se que a marca se fundamentou com uma identidade bem definida, a partir do momento em que começou a ser levada a sério. Ela ainda credita uma imensa parte do sucesso ao plano de negócios proposto pelos alunos da ESPM de SP, que criaram estratégias sólidas de concepção da marca, de implementação de formas de comunicação eficazes e uma análise detalhada de investimentos coerentes.

Uma coisa fica bem clara: nenhuma das prostitutas que fazem parte da Associação pretende deixar a profissão. Muito pelo contrário. Elas renegam as máquinas de costura porque gostam do que fazem, são felizes neste trabalho.

“Ninguém faz nada que não queira. Faz porque precisa ou porque quer, quando não os dois” - diz Gabriela ao indagada sobre como vê a relação das prostitutas de luxo que fazem programas mesmo tendo famílias ricas que podem mantê-las.

Para a mediadora, Ida Helena Thon, o que deu o pontapé e a repercussão na mídia desta marca foi o caráter contestador, desafiador que se propôs desde o início. Numa sociedade hipócrita que clama por alguém que dê o start em uma “campanha” contra o falso moralismo e insira na sociedade uma dose cavalar de realismo, o surgimento da Daspu mostrou que existem, sim, pessoas que tem peito e coragem de apostar em uma ideia que pode adotar um caráter subversivo, porém embasado em história, arte, moda, comportamento, atitude.












Como surgiu a Daspu

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