Carmen Miranda não era nem brasileira



Em muitas conversas paralelas às semanas de moda que acontecem aqui no Brasil, um assunto acaba sempre aparecendo: a identidade brasileira nas coleções apresentadas.

Sejamos francos, para você, como seria a “identidade brasileira”?

É engraçado, mas acho que não a reconheceríamos nem se tropeçássemos nela. Isso se ela realmente existisse. Tentar tipificar o Brasil é um dos maiores erros que algum designer pode cometer. Não somos homogêneos como a Inglaterra, Canadá, Portugal, Espanha e por aí vai. Cada estado nosso parece um mini país. São climas, faunas, floras, religiões, tipos físicos e essa lista de diferenças não tem fim.

Tente reunir em uma coleção aquilo tudo que o Brasil é. Aposto com você que a desistência apareceria nas primeiras horas da tentativa. Somos diferentes e é essa a graça no nosso povo. Não me venham com “Ah, mas a nossa marca registrada é a alegria, a receptividade, a beleza física, etc....” que esse papo não cola. Até mesmo a Alemanha em época de Oktober é feliz e receptiva.

Nascemos sob o domínio de um país europeu e parece que esperamos até hoje que essa raiz colonial volte para tentar dar uma cara àquilo que deixou para trás. Seria muito mais interessante descobrir o que te rege, o que te inspira, o que você é. Fazer parte de um todo não significa ser igual, mas somar, mesmo as diferenças.

Temos a sorte de pertencermos a um país tolerante com a maior parte das diferenças. Não é necessário criar padrões.



Obs.: Nem pense em adicionar coqueiros e bananas em sua coleção. A Prada fez isso e pareceu inspiração na África.E Carmen Miranda era portuguesa.



Abração, Doug Oberherr


 


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