Aparência X Personalidade

Dia desses estava num ônibus, distraído em alguns pensamentos quando me deparei com uma frase dita por uma menina que conversava com outra: “ok, ela é gótica, mas se tivesse um corpão, seria perigueti”. Na hora quase caí na risada, mas percebi que existe certa dose de verdade naquela frase. Muitas de nossas escolhas vêm do que nos é proposto ou condicionado. Muitas vezes não podemos escolher com quem vamos andar, com quem manteremos um vínculo. Ok, até podemos, mas quem garante que seremos aceitos? Para alguns grupos, o fato de você não ter feito uma cirurgia plástica significa inferioridade, para outros, a ausência daquela camiseta tamanho GG da Adidas significa que você jamais poderá ser uma “mano”.



Tenho várias estórias de conhecidos muito próximos que chegam a gastar cerca de 80% de seu salário para manter um padrão de vestir, de comer, de ser e tudo isso para poder pertencer a determinado grupo, para poder fazer parte de algo ou estar em contato com alguém.


Não é de hoje esta realidade. Desde sempre, o mais complexo e seleto grupo social tem se mantido firme dentro de padrões rígidos, orientados pelo “ter”. Diversos autores já trabalharam e ainda trabalham com o comportamento humano, estudando todas as formas de relação que um estabelece com o outro, a análise das mensagens que são transmitidas pelo contato visual. A moda é uma forma de ligação entre as pessoas. Temos os “fashionistas”, os “vintages”, as “piriguetes”, os “mods”, os “clubbers”, todos eles fazem parte de grupos sociais que se distinguem pelo modo de ser, mas principalmente, pela aparência.


Penso que quando nos deparamos com a barreira de nossa aparência fica mais fácil nos encontrarmos como seres que pensam na sociabilização. Ninguém vive sozinho, ninguém é tão auto-suficiente que não dependa de outra pessoa, por este motivo é fácil se sociabilizar com alguém parecido com você. A barreira que se vê (e na verdade não deveria ser uma barreira) é a mesma, os conflitos são os mesmos, os gostos acabam por ser os mesmos, isso quando não são feitas concessões e assimilações de gostos.


Acredito, apesar do nosso estilo ser influência do contexto social no qual vivemos, que nosso comportamento é definido, entre outros fatores, pela nossa aparência. Ela é um dos fatores determinantes para sabermos o que será usado do contexto em que vivemos para compor quem seremos. Pode parecer confuso, mas trocando em miúdos, significa que o que vemos no espelho pode, na maioria das vezes, ser usado junto com as mudanças sociais para definir nosso comportamento.

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