Discutindo as relações

O tema não é novidade. Está na casa do vizinho, do colega, até mesmo na nossa. Já foi tentado discutir na novela das oito, em filmes, seminários e porque não, nas rodas de conversa.


Estou falando de relacionamentos homossexuais, fique claro.

O assunto mais uma vez rende pano pra manga quando coloca em evidência o fator amor, sendo discutido em dois filmes com estréia mais do que aguardada: Do Começo ao Fim, de Aluízio Abranches fala do amor entre dois rapazes que se descobrem apaixonados mesmo sendo irmãos por parte de mãe. Põe em cheque além da discussão do homoerotismo, o incesto. O outro filme, A Single Man, baseado no livro de Christopher Isherwood e dirigido pelo estilista Tom Ford, narra os acontecimentos e pensamentos de um homem ao decidir suicidar-se após a morte do companheiro.

Ambos filmes tem como tema central o amor entre pessoas do mesmo sexo. Ambos falam de sentimentos, de aflições e das preocupações que surgem em uma relação como esta. São duas visões sobre uma forma diferente de amar e ser amado. Como Colin Firht, protagonista de A Single Man disse em uma entrevista, “ o filme é a possibilidade de olhar através dos olhos de que alguém que ama um alguém igual a si”.

Penso que não é algo sofrível tentar, ao menos, “olhar através dos olhos de alguém que ama um alguém igual a si”. É um exercício que requer maturidade, sensibilidade, mas acima de tudo, respeito. Ambas produções citadas não tem a intenção de esfregar na cara das pessoas as formas como gays e lésbicas de portam na cama, mas a forma como se tratam utilizando o coração.

Acreditamos cegamente em nossos julgamentos, em nossas certezas, em aquilo que sentimos que não temos como conseguir enxergar nada além do nosso alcance. A realidade está aí, em nossa frente e cabe somente a nós mesmos saber como lidar com ela da melhor forma possível.

Sobre Do Começo ao Fim

Penso na repercussão que esse tipo de tema causa. Em todas as suas entrevistas Aluízio Abranches diz que teve muito trabalho para conseguir patrocínio para este filme, fala ainda que foi necessária muita terapia para poder lidar com sentimentos de culpa por discutir e inserir elementos tão polêmicos no roteiro, mas que isso se fez necessário para que se deixe a hipocrisia de lado e que se passe a pensar mais nas diferentes formas de representar o amor. Rafael Cardoso também disse em recente entrevista que teve que lutar contra seus próprios preconceitos, pois no filme, além de carícias ele troca beijos com o ator João Gabriel Vasconcelos.

Não é fácil, como dito antes, lidar contra nossos próprios conceitos ou pré-conceitos, mas se torna necessário para que possamos amadurecer e vislumbrar novas formas de ver as pessoas e os acontecimentos ao nosso redor. Trata-se de uma questão de sobrevivência ser adaptável às mudanças propostas pela própria sociedade. E cabe somente a nós mesmos mudarmos nossas formas de enxergar o mundo e as pessoas que dele fazem parte, incluindo as formas como essas pessoas  se relacionam.

Trailer de Do Começo a Fim Oficial
 
 

 

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