Políticas sustentáveis…mas sustentáveis até quanto?

Ok, modismos à parte, a própria moda, assim como os discursos para a prática da sustentabilidade caíram nas garras da moda. Em recente estudo, apresentado no II Encontro de Sustentabilidade em Projeto do Vale do Itajaí, foram levantados dados bem preocupantes acerca da forma como os designers vêem o EcoDesign e a aplicabilidade dos conceitos.



Pontos levantados:


-falta de informações traduzidas (a maior parte dos textos encontrados são publicados por estrangeiros);


-falta de tempo par pesquisa (em geral os briefings exigem que o projeto seja entregue em tempo recorde);


-falta de informações confiáveis por parte dos fornecedores (que omitem informações sobre a toxicidade de seus produtos e as formas de obtenção dos mesmos);


-as informa encontradas requerem um nível de conhecimento amplo, tendo em vista que autores apresentam os dados de suas pesquisas através da análise de propriedades químicas e físicas;


-as pesquisas geralmente são empíricas (pouca aplicabilidade real dos conceitos apresentados tendo em vista limitações produtivas, econômicas e culturais);


-redução de custos pelas empresas (em geral produtos eco friendly custam 30% a mais que os produtos “normais”);


Pois bem. Pergunta: estamos todos preparados para investir pesado nesta nova cultura?


Pensando em escala industrial, uma produção ecologicamente correta seria inviável, tendo em vista as mudanças que precisariam ser feitas para que houvesse uma reeducação fabril e cultural, obviamente, para que esses produtos fossem aceitos.


Discutindo essa questão ontem com amigos e colegas, foram apresentados alguns meios paliativos para que possamos diminuir em vez de suprimir a produção “normal”, tendo em vista que somos ou seremos designers e que (cabe) caberá a nós propormos mudanças nas camadas mais abrangentes de consumidores. Confere as dicas:


-miniaturizar objetos (pense no celular de 1995 e no celular de 2009)


-reduzir espessuras


-utilizar materiais mais leves


-desmaterializar (muitas empresas abandonaram os catálogos físicos para disponibilizar catálogos virtuais, isso diminui o volume de papel utilizado pela empresa além de oferecer possibilidades de ampliação das imagens, resoluções melhores e grafismos mais interessantes)


-concentrar funções em um mesmo produto (pra que ter mp3, câmera digital, celular, rádio, etc, se você pode ter tudo num mesmo aparelho? Na moda, podemos pensar em casacos que viram camisetas, jaquetas reversíveis, vestidos que se encurtam, calças que viram bermudas, etc…)


-evitar perdas de material (repensar o uso de resíduos e recalcular a modelagem de peças)


-adotar sistemas informatizados (criar moldes on line e trabalhar com a aplicação deles previamente nos tecidos, evitando desperdícios)


-reduzir o uso de embalagens


-utilizar materiais reciclados/recicláveis para embalagem


-maximizar a capacidade de transporte, evitando gastos de combustível e materiais em muitas viagens


-projetar produtos mais duráveis


-reaplicar materiais descartados (um exemplo bem bacana é o da Chiara Gadaleta que utiliza retalhos da indústria têxtil para criar bijus e jóias muito bacanas de tecidos, combinadas com materiais mais nobres)


-projetar um produto pensando na separação dos materiais na hora do descarte (misturar muitos materiais pressupõe que na hora de reutilizar, ficará difícil separar as partes que de fato podem ser reaproveitadas. Combinações de fibras têxteis em geral são complicadas de separar, uma alternativa é pensar na utilização de fios “puros” em sua composição ou com o mínimo de combinações)


Convenhamos, não é nada difícil utilizar estas dicas. Podemos oferecer criações com conceitos ecologicamente corretos e investirmos em uma apresentação boa, afim de que os clientes entendam a real necessidade destes produtos e passem a buscar formas de alcançar bons resultados nas vendas.


E você, consegue?

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