A hipervelocidade do consumo de moda








Uma entrevista recente do FFW com os estilistas que desfilam na SPFW (verão 2014) criou alguns links bem interessantes com uma corrente que vem ganhando força nas últimas temporadas de moda. No bate papo da Andreia Tavares e da Carla Valois com o João Pimenta, o estilista afirmou que sua maior preocupação nesta e na coleção passada era manter um foco mais comercial, “desta vez olhamos para o cliente da marca. Optamos por fazer uma coleção usável”. 

Essa usabilidade proposta por João Pimenta é a mesma que vem ditando os rumos da Balenciaga (com a brilhante estreia de Alexander Wang), Saint Laurent (com a não bem aceita coleção de Hedi Slimane) e Dior (onde Raf Simons reestrutura toda a identidade das coleções). Trocar espetáculos mirabolantes por peças que possam sair da passarela direto para o corpo de um cliente é uma estratégia muito interessante que garante que o desejo pela roupa não se apague até sua chegada nas araras (em três ou quatro meses).



No ano passado a Coca-Cola colocou as peças desfiladas em seu e-commerce, logo após o término da apresentação. A mesma estratégia usada pela Burberry (em 2011), Maria Bonita Extra (no início do ano passado), pela Farfecth em parceria com o Fashion Day Inn (que aconteceu em março) e pela Juliana Jabour (que desfilou na última edição do SPFW)

A ideia da hipervelocidade no acesso a produtos de moda mostra que, além de um potencial de consumo considerável, esse mercado é ávido pela sensação de exclusividade e novidade. Uma das análises do Trendwatching identifica justamente essa avidez como um sinal contemporâneo do comportamento de consumo do brasileiro. Classificado como “newism”, essa tendência “é a destruição criativa, hipercompetição, globalismo, consumo anabolizado e uma celebração da inovação, tudo em uma tendência só”, nas palavras da agência de pesquisas.



Não é de se estranhar que as marcas brasileiras adotem esta tática comercial tendo em vista o momento vivido pelo país. Pode soar repetitivo, mas os olhos do mundo se voltam para o Brasil, fazendo com que haja uma valorização do que é produzido aqui. Esse aumento no valor percebido pelos consumidores brasileiros é também captado pelas marcas que investem pesado em design, acabamento e, por consequência, nos preços e facilidades de acesso. 

É interessante que outras empresas prestem atenção nestes exemplos, se quiserem manter sua fatia de mercado. O momento é propício e tende a melhorar ainda mais. 

Olho aberto e bons negócios. 

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